Método para diagnosticar a meleira do mamoeiro
Por Tuffi Cerqueira Habibe e Antonio Souza do Nascimento (Embrapa Mandioca e Fruticultura)
Na região dos Cerrados, a baixa disponibilidade e valor nutritivo da forragem durante o período seco, implica em redução acentuada da produção de leite, perda de peso dos animais na pastagem, refletindo em baixa produtividade da pecuária, além da redução da capacidade de e das pastagens da região.
A maioria das pastagens tropical e subtropical apresenta produção sazonal. Um dos maiores problemas das pastagens tropicais é a marcante estacionalidade da produção de forragens, ou seja, cerca de 80% da produção anual de forragens concentra-se no período das águas. Em função da menor produção de forragem no período da seca, a exploração intensiva das pastagens na época das águas deve estar sempre associada a sistemas alternativos de manejo, que variam desde o uso de pastagens diferidas com ou sem suplementação dos animais, até o uso de alimentação no cocho com ração balanceada. O diferimento consiste em suspender a utilização da pastagem durante parte de seu período vegetativo, de modo a favorecer o acúmulo de forragem para utilização durante a época seca. A sua utilização deve ser bem planejada para que a área diferida não se constitua em um foco de incêndio. O uso de aceiros e a localização de áreas distanciadas das divisas da propriedade são imprescindíveis. Ademais, o uso do diferimento facilita a adoção de outras tecnologias, tais como o banco-de-proteína, a mistura múltipla e a suplementação a campo com uréia pecuária, associada ou não com a cana-de-açúcar.
Diversas pesquisas têm demonstrado a viabilidade do diferimento de gramíneas tropicais, desde que sejam selecionadas espécies adequadas para diferimento e utilização em períodos específicos. O início do diferimento para cada região depende da época de ocorrência do máximo crescimento da forragem com o avanço da idade das plantas quando são submetidas ao diferimento.
O período de diferimento está diretamente relacionado com a fertilidade do solo. Em solos de baixa fertilidade pode ser necessário o diferimento da pastagem por períodos de tempo mais longos, porém, com a utilização de adubações, o período pode ser reduzido, em função das taxas de crescimento da planta forrageira. O diferimento requer a associação da área vedada com uma outra exploração de forma mais intensiva e com uma espécie forrageira de alto potencial produtivo onde a maioria dos animais estarão concentrados. Isso permitirá que a pastagem diferida acumule matéria seca, na ausência dos animais. A extensão da área a ser diferida e da explorada intensivamente deve ser calculada em função das necessidades nutricionais dos animais, nos períodos chuvoso e seco, e do potencial de crescimento das plantas forrageiras utilizadas. Como o feno-em-pé é planejado para utilização durante o período seco, seu consumo elimina a necessidade do uso das queimadas.
Em Mato Grosso do Sul, recomenda-se vedar 1/3 da área no início de fevereiro para utilizar em maio e junho e 2/3 no início de março para utilizar de julho a outubro. A Embrapa Gado de Corte recomenda forrageiras que apresentem boa retenção de folhas verdes, que têm menores perdas no valor nutritivo durante o crescimento, como a
cv. Marandu, capim-estrela, coastcross, tiftons e capim-pangola. As áreas plantadas com essas espécies devem ser usadas menos intensivamente no período das águas, para serem vedadas.Também é recomendada a utilização de pastos formados em áreas mais férteis ou que foram recém-recuperados. Pode-se fazer, na época de vedação, a adubação nitrogenada, com aplicação de, pelo menos, 100Kg/ha de uréia em cobertura. Um bom critério é deixar as folhas da pastagem a uma altura de 60 a 80 cm, pois alturas superiores podem implicar em desperdício, face à maior proporção de talos, os quais apresentam altos teores de fibras indigestíveis.
Embrapa Gado de Corte
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