
Amaranthus palmeri é conhecido popularmente como caruru-palmeri, caruru-gigante, amaranto-de-Palmer ou pigweed-de-Palmer. Seu nome homenageia o botânico Edward Palmer, que o descreveu no século XIX.
Esta espécie é uma planta daninha altamente agressiva, originária do sudoeste dos Estados Unidos e do México.
Na América do Sul, a presença de A. palmeri foi inicialmente verificada na Argentina. Acreditava-se que, por ter sido encontrado naquele país, a região sul do Brasil seria sua provável rota de introdução no país.
Após detectar a presença de Amaranthus palmeri resistente ao glifosato na Argentina em 2013, instituições de pesquisa no Brasil começaram a se preocupar com a possibilidade de entrada dessa espécie nociva no país.
Contrariando todas as expectativas, a primeira detecção de A. palmeri no Brasil ocorreu oficialmente no estado do Mato Grosso em 2015, uma região distante da fronteira com a Argentina (doi.org/10.51694/AdvWeedSci/2023;41:00010).
Culturas infestadas
Amaranthus palmeri é uma praga de difícil controle, afetando principalmente:
- Grandes culturas: soja, algodão, milho e sorgo.
- Hortaliças: tomate, pimentão e melancia.
- Frutíferas: pomares de citros e olivais.
Sua adaptação a diversos ambientes agrícolas e crescimento rápido tornam-o uma ameaça à produtividade em regiões tropicais e subtropicais.
Biologia
Amaranthus palmeri é uma planta anual de ciclo curto. Completa seu ciclo (germinação, crescimento, floração e produção de sementes) em períodos de quatro a seis meses, dependendo das condições ambientais.
A planta desenvolve raízes profundas e extensas, permitindo o a água e nutrientes em camadas mais profundas do solo, o que o torna altamente resistente a secas moderadas.
A. palmeri apresenta fotossíntese do tipo C4. Possui mecanismo eficiente de fixação de carbono, comum em plantas adaptadas a climas quentes, o que explica seu crescimento acelerado mesmo em temperaturas elevadas.
Em termos de reprodução e genética:
- Dioicia: plantas masculinas e femininas são separadas, promovendo cruzamento genético e variabilidade. Isso contribui para a rápida adaptação a herbicidas e condições adversas.
- Produção de sementes: dependendo do tamanho e da competição, cada planta fêmea produz 100 a 600 mil sementes. As sementes são pequenas (1-2 mm) e leves, facilitando a dispersão pelo vento, água, animais ou equipamentos agrícolas.
- Dormência variável: algumas sementes germinam logo após a dispersão, enquanto outras permanecem dormentes no solo por 10 anos ou mais, formando um "banco de sementes" persistente.
Sua velocidade de crescimento pode atingir 5 a 7 cm por dia em condições ideais, superando culturas como soja e milho na competição por luz.
Uma única planta pode acumular até 1 kg de biomassa seca, extraindo grandes quantidades de nitrogênio, fósforo e potássio do solo.
Além disso, apresenta plasticidade fenotípica. Adapta sua morfologia (altura, área foliar) conforme a disponibilidade de recursos, tornando-se mais robusto em solos férteis ou espaçamentos abertos.
Amaranthus palmeri desenvolve-se melhor com temperaturas entre 28°C e 35°C, mas tolera de 15°C a 40°C. A planta cresce vigorosamente em dias longos e com alta intensidade luminosa, sendo comum em regiões tropicais e subtropicais.
Em termos de solo e umidade, cresce em solos com pH entre 5,5 e 8, desde que bem drenados. É comum em solos arenosos, mas também prospera em argilosos se houver umidade adequada.
Suas raízes profundas permitem sobrevivência em períodos secos, porém, para máximo crescimento, prefere umidade regular (500–800 mm de chuva anual). Por outro lado, possui sensibilidade a solos encharcados.
Germinação e estabelecimento de A. palmeri:
- Profundidade de emergência: sementes germinam até 5 cm de profundidade , mas o ideal é entre 0,5 cm e 2 cm.
- Gatilhos para germinação: chuvas ou irrigação após períodos secos; perturbação do solo (ex.: preparo convencional); temperaturas do solo acima de 18°C.
- Período de emergência: germina ao longo de toda a estação de cultivo, tornando o controle contínuo um desafio.
Controle
O manejo de Amaranthus palmeri exige estratégias integradas.
- Prevenção: monitorar áreas para identificar infestações precocemente; evitar a introdução de sementes contaminadas em equipamentos agrícolas.
- Métodos culturais: rotação de culturas (usar espécies competitivas, como gramíneas); uso de palhada ou culturas de cobertura para suprimir a germinação; capina manual ou mecânica antes da floração; cultivo em linha para remover plântulas jovens.
- Controle químico: usar produtos registrados; populações resistentes a múltiplos herbicidas exigem rotação de princípios ativos e modos de ação.
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A resistência a herbicidas, já documentada em vários países, torna Amaranthus palmeri uma das piores pragas agrícolas do século XXI. Seu manejo inadequado pode causar perdas de até 90% na produtividade em culturas como a soja.
A espécie já demonstrou resistência documentada a várias classes de ingredientes ativos, incluindo inibidores de ALS (como imazethapyr e chlorimuron), inibidores de PPO (como fomesafen e lactofen), dinitroanilinas (como pendimethalin), inibidores de HPPD (como mesotrione e tembotrione), e herbicidas auxínicos (como dicamba e 2,4-D).
Até maio de 2025, Amaranthus palmeri resistente a glifosato está oficialmente presente nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul (Naviraí e Aral Moreira). Outros estados monitoram a praga, mas sem confirmação de novos casos.