Método para diagnosticar a meleira do mamoeiro
Por Tuffi Cerqueira Habibe e Antonio Souza do Nascimento (Embrapa Mandioca e Fruticultura)
O período da seca é literalmente um divisor de águas na bovinocultura de corte do Brasil Central. Pode-se dizer, sem sombra de dúvida, que a estação da seca é que determina a eficiência de desempenho zootécnico do rebanho, como idade de abate, taxa de natalidade e produção de @ por hectare ao ano.
Quanto mais extenso for o período da seca, maiores serão as dificuldades para a produção animal, nestas condições, mais precavido deve ser o produtor rural, para não ter a sua produção e o seu lucro comprometidos pelo período seco.
Normalmente, no Brasil Central as pastagens começam a perder seu valor nutritivo a partir dos meses de abril / maio, quando os dias começam a ficar mais curtos, a temperatura, mais baixa, e as chuvas vão diminuindo até cessarem por completo. As pastagens am então do verde para o amarelo, o teor de proteína cai, o de fibra sobe, e este cenário se estende até os meses de setembro / outubro, compreendendo um período de cerca de cinco meses de seca, tido como o gargalo da pecuária de corte.
Para não ter que enfrentar queda na produção e dissabores econômicos, o produtor rural deve se precaver antecipadamente, para poder atravessar o período da entressafra sem grandes dificuldades.
A suplementação estratégica no período da seca envolve uma série de práticas de manejo nutricional, das quais se destacam as abaixo relacionadas:
1. Reservar a parte aérea da pastagem para uso na seca por meio de um correto manejo de pastagens.
2. Fornecer suplementos minerais – protéicos para o rebanho no período seco.
3. Conservar forragens na forma de fenos e silagens.
4. Cultivar espécies forrageiras capazes de produzir reservas de alimentos para utilização "in natura" na época da seca (exemplo: cana-de-açúcar).
5. Utilizar como fontes de alimentos resíduos e subprodutos da agroindústria.
6. Utilizar sistemas de irrigação de pastagens.
Todas as estratégias mencionadas acima são íveis de utilização, cabendo ao produtor rural tomar a decisão de qual sistema implantar, sendo muito comum fazendas que adotam mais de um sistema simultaneamente.
Reservar a parte aérea das pastagens por meio de um correto manejo de pasto, sem dúvida nenhuma, é a mais importante estratégia de manejo a ser adotada nas fazendas de gado a pasto por todo o Brasil.
Para tal façanha, o produtor deve estar atento a conceitos básicos de manejo de pasto, como taxa de lotação, pressão de pastejo e capacidade de e das pastagens, sem o qual será impossível manejar o pasto corretamente.
É importante saber que número de animais por unidade de forragem disponível é denominado de pressão de pastejo. Em outras palavras, a pressão de pastejo mostra a preocupação em colocar, em um pasto, um número de animais que esteja em equilíbrio com a produção da forrageira. Na maioria das vezes, o que se observa nas fazendas é um super – pastejo, ou um excesso de animais em relação à disponibilidade de pastagens, quer na época das águas ou da seca. Com isso, a produção animal tende a cair progressivamente pela falta ou baixa qualidade de pastagem. As pastagens, por sua vez, tendem a acumular poucas reservas, vão-se esgotando até a completa degradação, expondo o solo à possibilidade de erosão.
Na maioria das vezes, o super – pastejo ocorre porque o produtor rural acredita que, aumentando o número de animais, a produção de carne e leite também aumentará. Isto de fato ocorre, mas por um curto período de tempo, pois a médio e longo prazo a produção animal diminui, e as pastagens entram no processo de degradação, comprometendo todo o sistema de produção animal a pasto.
O correto manejo das pastagens de gramíneas tropicais deve sempre respeitar a altura na qual a planta é cortada ou pastejada. Dessa forma a pastagem se restabelece rapidamente com conseqüente aumento da produção de massa verde, possibilitando ao produtor rural entrar no período seco com reserva de pastagem.
A Tabela 1 (
) mostra a altura de pastejo ideal para diferentes variedades de gramíneas tropicais, visando à maximização da produção e do uso das gramíneas em sistema de pastejo rotacionado.
A carga animal adequada não só é importante para a conservação e fertilidade do solo, como também para a planta e para a produção animal. Na prática, controlar o número de animais por unidade de área ao longo do ano é uma tarefa que exige esforço e correto gerenciamento das pastagens. Isto porque, com a chegada do período seco, não só a qualidade, como também a quantidade de pastagem produzida na fazenda, diminui, independente do sistema de manejo de pastagem adotado.
No caso de pastejo contínuo que é caracterizado pela presença dos animais em determinado pasto, o ano todo, a estratégia a ser adotada consiste em alterar a taxa de lotação do pasto, ou seja, quando o produtor dispõe apenas de pastagens, o número de animais por unidade de área deve ser menor no período seco em função da menor capacidade de e das pastagens neste período.
No caso de pastejo rotacionado ou diferido, o mais importante é respeitar a altura do corte da forrageira e estabelecer período de descanso suficiente para o restabelecimento da forrageira.
Outra estratégia de manejo importante para o aumento da produção animal no período da seca consiste na utilização de insumos denominados de suplementos minerais protéicos. Esta prática é importante porque o teor de proteína das pastagens, mesmo em pastos vedados é baixo durante a seca e, para manter de maneira positiva o desempenho do gado, faz-se necessário o uso dos sais proteinados.
Os sais proteinados são misturas que estão no mercado brasileiro de insumos agropecuários há alguns anos e estão fazendo muito sucesso entre os criadores. São formulados à base de fontes de minerais, farelos de origem vegetal e uréia. Seu uso visa atenuar a curva de decréscimo do ganho de peso que normalmente ocorre com a chegada da seca. O objetivo principal é impedir o efeito "boi sanfona", ou seja, quando o animal ganha peso na época das águas e perde na seca.
Para os sais proteinados darem bons resultados, deve haver quantidade adequada de pastos, mesmo que secos, visto que o efeito principal desses produtos é o de aumentar o consumo da palhada seca, ou seja, produzir boi de capim, ou como vem sendo chamado, o boi verde, a grande vocação natural da pecuária de corte brasileira.
Zootecnista da Tortuga / SP
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