Lagarta-do-cartucho usa odor para escolher planta jovem

Descoberta pode revolucionar manejo ecológico de Spodoptera frugiperda

05.06.2025 | 05:11 (UTC -3)
Revista Cultivar
<i>Spodoptera frugiperda</i> - Foto: Marina Pessoa
Spodoptera frugiperda - Foto: Marina Pessoa

Fêmeas de Spodoptera frugiperda preferem o milho no estágio inicial de desenvolvimento para depositar seus ovos. A escolha não ocorre por acaso. Estudo conduzido por pesquisadores chineses identificou dois compostos voláteis liberados por plantas jovens que orientam essa decisão: p-xileno e (+)-canfor. Esses odores, mais intensos no milho recém-brotado, funcionam como sinalizadores de alimento ideal para a próxima geração.

A pesquisa testou o comportamento da praga diante de diferentes fases de crescimento da planta. As fêmeas mostraram clara preferência pelas plantas no estágio de plântula. O mesmo padrão se repetiu na hora de ovipositar.

Em média, as fêmeas depositaram mais que o dobro de ovos nas folhas do milho jovem em comparação aos demais estágios.

O milho na fase leiteira, por outro lado, foi praticamente ignorado. Nessa fase, não houve sobrevivência das lagartas, que morreram em até cinco dias após a eclosão.

Essa seletividade tem fundamento. Os filhotes que nascem nas plantas jovens vivem mais, crescem mais rápido e atingem maior peso.

Também se reproduzem melhor. Em média, as fêmeas geradas no milho jovem botaram quase o dobro de ovos que aquelas criadas em plantas mais velhas.

Além disso, os índices de eclosão aram dos 90%, enquanto nos outros grupos mal ultraaram os 70%.

O estudo utilizou técnicas avançadas de eletrofisiologia para identificar os odores que desencadeiam essa reação. Antenas das fêmeas responderam de forma intensa a p-xileno e (+)-canfor. Esses compostos ativaram dois tipos diferentes de neurônios sensoriais nas antenas dos insetos. Posteriormente, os cientistas testaram os efeitos em laboratório e confirmaram: as substâncias atraem fortemente as fêmeas, especialmente em concentrações de 10% a 20%.

O resultado aponta um caminho promissor para o controle ecológico da praga. Se armadilhas forem preparadas com esses compostos, será possível atrair as fêmeas e interromper o ciclo reprodutivo.

Embora já existam armadilhas com feromônios sexuais para atrair machos, são limitadas. As fêmeas, por escolherem onde colocar os ovos, exercem impacto direto na sobrevivência das larvas. Por isso, atrativos alimentares — como p-xileno e (+)-canfor — ganham vantagem tática.

A aplicação dos compostos, segundo os pesquisadores, pode ser combinada com feromônios ou até com repelentes, compondo estratégias de manejo do tipo "push-pull" (empurra-puxa). Essas abordagens integradas tendem a ser mais eficazes, sustentáveis e econômicas para o produtor.

Mais informações em doi.org/10.3390/insects16060592

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