Acordo Mercosul-União Europeia promete abrir novos mercados para o agro

Previsão do governo é que o texto do acordo seja concluído ainda no fim deste ano; deve ficar para o primeiro semestre de 2021

28.10.2020 | 20:59 (UTC -3)
FPA

O acordo Mercosul – União Europeia foi tema da live do projeto Conexão Brasília dessa terça-feira, 27. Participaram do debate o secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Orlando Ribeiro; o diretor executivo da Citrus BR, Ibiapaba Netto e o gerente de Mercados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Luís Rua. A live é uma parceria entre a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) e o Canal Rural.

Os convidados trataram dos principais pontos e possíveis impactos que esse acordo entre os dois blocos econômicos podem trazer para o setor agropecuário brasileiro. O secretário do Mapa lembrou o esforço que o atual governo fez para que as negociações entre o Mercosul – União Europeia fossem concluídas.

“Até o final do ano o acordo será concluído, a revisão legal e técnica. Quando o texto for traduzido, no ano que vem, na presidência rotativa de Portugal, nós temos uma primeira oportunidade desse acordo ser assinado e, em seguida, ser submetido à Comissão Europeia e aos Parlamentos Nacionais de cada um dos países europeus e os países do Mercosul”.

O diretor executivo da Citrus BR, Ibiapaba Netto, também elogiou o empenho do governo no processo de negociação do acordo. Segundo ele, o setor privado já nem acreditava mais na conclusão do tratado. “A finalização desse acordo foi um marco. A gente tem que dar todos os méritos para esse governo, tomaram a iniciativa de levar a frente essa negociação que tem muito a oferecer para o Brasil e os parceiros”.

Segundo Ibiapaba, o acordo vai beneficiar o setor de suco de laranja, em específico, pelo fato de a União Europeia ser responsável por 70% das exportações do alimento do Brasil. “É o nosso maior cliente líquido de suco de laranja. É bom para os consumidores que terão a oportunidade de ter um produto mais ível”.

O gerente de Mercados da Associação Brasileira de Proteína Animal também saiu em defesa do acordo. “De certa maneira, renova um pouco a nossa esperança de que o Brasil possa celebrar outros acordos comerciais com países relevantes. Hoje, o foco é a Ásia, uma esperança de que a gente possa caminhar também para outros acordos regionais”.

De acordo com Luís Rua, a União Europeia é o sexto maior importador da carne de aves brasileira. Em 2019, reforçou, cerca de 260 mil toneladas de frango foram vendidas para o bloco. “Trouxeram uma receita na casa dos 700 milhões de dólares. É um mercado muito importante para nós e que a gente vê com muito bons olhos na avicultura e na suinocultura”.

O que muda com o acordo

Orlando Ribeiro esclareceu que, com a efetivação do acordo, a UE eliminará suas tarifas para 87% dos produtos agrícolas para o Brasil. Para o governo, a vantagem com essas isenções tarifárias será fundamental para o setor agro, principalmente para alguns produtos brasileiros que são exportados em grande volume. Ele ainda citou que o acordo comercial também estabelece cotas para a exportação em alguns itens, caso da carne bovina, frango, açúcar, etanol, arroz, mel e milho.

“Tem uma série de aberturas em produtos tradicionais, por exemplo, frutas, melão, limão, lima, melancia, que são produtos que vão ter um o privilegiado ao mercado europeu”, pontuou.

Para Ibiapaba Netto, no caso do setor de suco de laranja, essas mudanças tarifárias serão benéficas, já que a renda extra por conta do corte na tarifa vai poder ser usada para investimento e tecnologia. Segundo ele, o corte de 50% na tarifa para exportação vai gerar renda extra de US$ 75 milhões. E, em 10 anos, essa tarifa será zerada. “É dinheiro que entra para empresas brasileiras, para o produtor brasileiro, a gente só tem a ganhar”, disse.

Questões ambientais

Os convidados ainda abordaram a questão ambiental como condicionante para a efetivação do acordo. Na visão do diretor da Citrus BR, a pressão ambiental é um ponto de atenção para todo mundo, mas defendeu a atuação do governo. “Eu tenho certeza absoluta de que o Ministério da Agricultura tem plenas condições de estabelecer a verdade porque o que a gente está discutindo aqui não é o fato em si, mas a versão do fato”.

Já para Luís Rua, a questão precisa de muita atenção para evitar que todo o trabalho, durante esses 20 anos de negociação, tenha um desfecho negativo. “Nós sabemos que tem muito interesse e protecionismo em jogo do lado europeu. Esse é um trabalho árduo de combate à desinformação, do nosso governo para desmistificar algumas dessas fake News que acabam prejudicando a gente”.

Rua ainda esclareceu que a produção de frangos no Brasil é completamente fora do bioma amazônico, com os maiores níveis de qualidade, sanidade e sustentabilidade. “A gente produziu uma série de materiais explicando a sustentabilidade dos nossos setores que foram entregues a vários parlamentares, membros da comissão europeia, para melhorar ainda mais os indicadores de sustentabilidade, de bem estar animal”.

O gerente de Mercados da ABPA ainda fez uma comparação entre a produção de carne de aves entre os dois blocos. “O Brasil produz frango 50% com menos emissões de carbono que um frango produzido na Europa. A gente vende para lá há 40 anos e quer, cada vez mais, exportar com qualidade, com sanidade e ajudando também na segurança alimentar”, ponderou.

Em suas considerações finais, o secretário do Ministério da Agricultura defendeu a atuação do governo nas questões ligadas ao meio ambiente. “Essas restrições que eles colocam no acordo por pretensos problemas ambientais, isso é uma questão que está sendo esclarecida. O Brasil poderia fazer, a depender da agricultura, acordo com qualquer país do mundo. Nós somos muito competitivos”, concluiu Orlando Ribeiro.

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