África lidera crescimento na produção de mel

Contando com a Etiópia, continente já responde por 12% do volume mundial, diz FAO no Dia das Abelhas

20.05.2025 | 15:58 (UTC -3)
Revista Cultivar, a partir de informações da FAO
Foto: Luis Tato
Foto: Luis Tato

No Dia Mundial das Abelhas 2025, celebrado em 20 de maio, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) reforçou o papel estratégico das abelhas e outros polinizadores para a segurança alimentar global. Com o tema “Inspire-se na natureza para nos alimentar”, a edição deste ano destacou a contribuição de mais de 20 mil espécies de polinizadores - entre abelhas, borboletas, aves e morcegos - para a produção agrícola e a manutenção dos ecossistemas.

Durante cerimônia realizada em Jimma, na Etiópia, o diretor-geral da FAO, Qu Dongyu, classificou os polinizadores como “heróis silenciosos” e alertou para os riscos que ameaçam essas espécies, como a perda de habitat, uso inadequado de agrotóxicos, mudanças climáticas e parasitas. “Sem os polinizadores, poderíamos perder até 8% da produção agrícola mundial, o equivalente a US$ 577 bilhões por ano. Isso afeta diretamente empregos, rendas e o abastecimento de alimentos e medicamentos”, afirmou.

Hoje, cerca de 90% das plantas com flores e 75% das principais culturas alimentares do mundo dependem da polinização.

África em destaque

A produção global de mel atingiu 1,89 milhão de toneladas em 2023, com a África registrando a maior taxa de crescimento. O continente responde por 12% da produção mundial, com destaque para a Etiópia, principal produtora africana e décima colocada no ranking global. Outros países com produção relevante são Argélia, Angola, Camarões, Egito, Quênia, Marrocos, Ruanda, Tanzânia e República Centro-Africana.

Para o diretor regional da FAO para a África, Abebe Haile-Gabriel, a apicultura africana apresenta grande potencial. “As abelhas africanas demonstram resiliência frente a pragas e doenças, e o mel e cera produzidos apresentam baixos níveis de resíduos químicos. Isso abre portas para nichos como os mercados orgânico e de comércio justo”, destacou.

A ministra da Agricultura da Eslovênia, Mateja Calusic, relembrou que a data foi instituída pela ONU em 2017 por iniciativa de seu país. Em mensagem oficial, ela ressaltou a importância da apicultura tradicional na África: “Em tempos de crises, as abelhas nos ensinam sobre colaboração, equilíbrio e impacto coletivo.”

Fórum internacional propõe ações conjuntas

A celebração marcou ainda o início do 2º Fórum Internacional para Ação em Apicultura Sustentável e Polinização, organizado pela Etiópia, Eslovênia, FAO, Onudi e Apimondia. O evento propôs o intercâmbio de conhecimentos, promoção de boas práticas apícolas e articulação de políticas públicas para proteger os polinizadores em escala global.

A programação incluiu dois painéis principais. O primeiro discutiu o papel da apicultura na segurança alimentar e geração de renda, com palestra de Jeff Pettis, presidente da Apimondia. O segundo focou na cooperação internacional, com participação do brasileiro Braulio Ferreira de Souza Dias, do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima.

O fórum encerrou com visitas a campo para demonstrar práticas sustentáveis de apicultura desenvolvidas por jovens produtores etíopes.

Compartilhar

Newsletter Cultivar

Receba por e-mail as últimas notícias sobre agricultura

ar grupo whatsapp
Agritechnica 2025