Estudo revela vulnerabilidade térmica de Spodoptera frugiperda

Temperaturas acima de 40 °C inviabilizariam a reprodução da lagarta-do-cartucho

02.06.2025 | 07:24 (UTC -3)
Revista Cultivar

A lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda) também tem limites biológicos frente a eventos térmicos extremos. Pesquisa conduzida na Ilha de Hainan, na China, demonstra que a exposição periódica a curtos períodos de calor intenso, especialmente a 43 °C, compromete irreversivelmente sua capacidade reprodutiva.

O estudo também mostra como a microbiota intestinal da praga reage ao estresse térmico, abrindo novas possibilidades para controle biológico em cenários de aquecimento global.

No experimento, populações da praga foram submetidas a estresses térmicos diários — duas horas a 37 °C, 40 °C e 43 °C — durante todo o seu ciclo de vida. O grupo controle permaneceu a 26 °C. Resultados indicam que o calor moderado (37 °C) acelerou o desenvolvimento. Em contraste, 43 °C prolongou o ciclo e suprimiu drasticamente taxas de pupação, emergência e fecundidade. O efeito mais drástico: ovos produzidos por adultos expostos a 43 °C não eclodiram.

A robustez térmica da espécie mostrou-se variável por estágio. As larvas resistiram bem aos aumentos de temperatura — sobrevivência acima de 96% mesmo em 43 °C.

Já as pupas apresentaram sensibilidade aguda, com queda expressiva nas taxas de emergência a partir de 40 °C. O peso dos pupários e o tamanho dos adultos também diminuíram proporcionalmente ao aumento da temperatura.

O comprometimento da reprodução se intensificou nos estágios finais. A frequência de acasalamento caiu significativamente a 43 °C. Fêmeas nesse grupo produziram 56% menos ovos que o controle, e nenhuma progênie sobreviveu. As gônadas também se desenvolveram menos sob estresse térmico. Curiosamente, a longevidade das fêmeas aumentou a 37 °C e 40 °C — fenômeno possivelmente vinculado a estratégias de alocação energética sob estresse.

A pesquisa foi além da morfologia. A análise do microbioma intestinal dos adultos revelou uma dominância constante da bactéria Proteobacteria, mas o calor extremo induziu a substituição de gêneros dominantes. Fêmeas sob 43 °C apresentaram aumento de Enterococcus, enquanto Providencia desapareceu. Nos machos, houve enriquecimento de Enterobacter hormaechei e E. mundtii, bactérias com potencial papel imunológico.

Apesar das mudanças pontuais na composição, a diversidade e riqueza geral da microbiota pouco se alteraram. As funções metabólicas preponderantes — como metabolismo energético e biossíntese de metabólitos secundários — permaneceram estáveis, indicando uma notável resiliência funcional da microbiota frente ao estresse térmico.

Mais informações em doi.org/10.3390/insects16060584

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