​Evoluindo no manejo do trigo se produz mais

Aplicar os fungicidas no momento certo, seguir as indicações de fracionamento de nitrogênio e semear cultivares mais resistentes e produtivas são ações indispensáveis

25.10.2016 | 21:59 (UTC -3)
Daniela Wiethölter Lopes

As precipitações registradas nas últimas semanas na região não devem afetar a boa colheita de trigo nas lavouras de o Fundo. O manejo adequado fez a diferença no controle das doenças predominantes nesta safra, principalmente do oídio. Por enquanto, 55% do trigo gaúcho estão na fase de enchimento de grãos, 15% em maturação e 20% já foi colhido. Da porção colhida se tem resultados animadores, principalmente para quem manejou bem. Resultados entre 70 e 100 sacas por hectare não são poucos. Visando fortalecer ainda mais a triticultura para próximas safras, durante o seu Dia de Campo Institucional, técnicos da Biotrigo Genética abordaram temas como técnicas de manejo nutricional, importância da genética para o desenvolvimento de uma boa safra e prevenção de doenças. A empresa dividiu sua área experimental em 34 parcelas e plantou cada cultivar do seu portfólio de trigo com duas diferentes formas de manejo: com e sem aplicação de fungicidas. O espaço recebeu cerca de 150 sementeiros, técnicos e produtores na última terça-feira (25), na sede da empresa, em o Fundo/RS. Outro objetivo do evento foi apresentar as informações aos participantes para que eles possam decidir com maior segurança como, quanto e quais cultivares pretende multiplicar visando o disponibilizar ao produtor para plantio da próxima safra.

Alternativa para produção de volumosos

Um dos destaques do evento foi a primeira cultivar de trigo especialmente desenvolvida para a produção de forragem conservada para alimentação animal, o TBIO Energia I. Os produtores presentes tiveram a oportunidade de ver a silagem pronta e conhecer o potencial da cultivar no campo. Segundo o zootecnista e Técnico em Novos Negócios da Biotrigo Genética, Ederson Henz, nesta safra, três áreas piloto foram semeadas com TBIO Energia I no Estado, onde já se colheu silagem. O resultado variou de 25 a 32 toneladas colhidas por hectare. “A alternativa se mostrou muito viável economicamente, pela quantidade e qualidade da forragem além de liberar as áreas para o plantio da soja até 30 dias antes do usual”, ressalta. Segundo o técnico agrícola da Cotriel, Vinícius Rotta de Oliveira, a área experimental em Espumoso apresentou excelentes resultados. "O aproveitamento da área em relação às outras culturas utilizadas para a produção de silagem, como aveia e cevada, foi muito maior. O Energia tem potencial produtivo, qualidade e sanidade muito altos. Além da qualidade da alimentação que o animal terá depois". A produtividade alcançada foi de 26.3 toneladas por hectare. "Com aveia preta 18 toneladas é o máximo que já conseguimos produzir", observa.

Novidades com ainda mais segurança

O evento foi organizado em diversas estações que trataram, entre outros temas, do resgate da safra atual, o comportamento das cultivares mais antigas em comparação com as testemunhas concorrentes e lançamentos de linhagens precoces e superprecoces. A Biotrigo apresentou dois novos materiais que deverão ser lançados após o TBIO Energia I. Segundo o Diretor de Negócios e melhorista da Biotrigo, André Rosa, esses materiais corrigem alguns detalhes que eram possíveis de ser melhorados no TBIO Toruk – cultivar que está quebrando recordes em muitas propriedades. Os filhos de Toruk tem o mesmo teto produtivo oferecendo, devido a várias características melhoradas, mais tranquilidade e segurança ao produtor. “Esses materiais novos são frutos de um programa de melhoramento muito forte que nos permite ser muito exigente”, afirma.

Oídio foi a principal doença

Geralmente as doenças com maior ocorrência no Sul do Brasil são a mancha amarela e a ferrugem. Este ano, porém, as precipitações e temperaturas abaixo da média nos períodos de junho, julho e agosto fizeram com que elas perdessem importância, principalmente na região. De acordo com o fitopatologista da Biotrigo Genética, Dr. Paulo Kuhnem, em consequência do clima mais seco, quem predominou nas regiões tritícolas do Rio Grande do Sul foi o oídio, mofo esbranquiçado sobre a folha do trigo, que não precisa de molhamento foliar para infecção. “O que influencia é o clima favorável e a suscetibilidade das cultivares. Cultivares que apresentam nível de resistência menor acabaram precisando mais controle químico”, explica.

Grande parte das lavouras da região de o Fundo já aram do período de florescimento e entraram na fase de grão leitoso, algumas em grão pastoso. Assim, as chuvas decorrentes das últimas semanas não são tão problemáticas para a ocorrência da giberela. “As lavouras apresentam uma qualidade sanitária muito boa, sadias e limpas. No entanto, para os plantios tardios ou cultivares de ciclo mais longo que ainda estavam florescendo nessa semana, os produtores precisam atentar para a doença e realizar o manejo indicado com fungicidas”, alerta o fitopatologista.

Dentre os vários benefícios do nitrogênio para o trigo, está a proteção. Ele foi uma das ferramentas cruciais nesta safra para recuperação de alguns trigos afetados pelo mosaico, um vírus natural que está no solo e pode afetar o crescimento das plantas. Durante o evento, o gerente comercial da Biotrigo, Lorenzo Mattioni Viecili, falou sobre a importância do manejo correto de nitrogênio. “A aplicação que foi feita no perfilhamento ajudou a planta a se recuperar e ainda manter um bom teto produtivo”, explicou. O nitrogênio pode ser útil principalmente em anos com precipitações no momento da emergência do trigo, em que o vírus entra e infecta a planta. De acordo com Lorenzo, a planta precisa de estímulo para o desenvolvimento inicial e pleno durante o perfilhamento, assim, o vírus não consegue acompanhá-la e fica para trás. “Quando a temperatura sobe um pouco e o vírus fica mais lento, o nitrogênio estimula o desenvolvimento rápido da planta que, assim, consegue se recuperar e produzir muito mais que sem esta ajuda ”, frisa.

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