Hedgepoint indica boas perspectivas para o mercado da soja

Expectativas de produção recorde no Brasil e desafios climáticos na Argentina vão moldar o panorama global de grãos

20.02.2025 | 15:45 (UTC -3)
Luciana Minami

O mercado global de soja enfrenta um ano de grandes expectativas e desafios, com fatores climáticos e econômicos desempenhando papéis cruciais na dinâmica de oferta e demanda. A projeção do Fundo Monetário Internacional (FMI) indica uma queda na inflação global de 4,2% para 3,5% em 2025. Apesar disso, a dinâmica da política monetária e comercial nos Estados Unidos, Europa e principais mercados emergentes segue como fator de volatilidade para os mercados financeiros e de commodities.

De acordo com as últimas análises de mercado da Hedgepoint Global Markets, a produção brasileira de soja deve atingir um recorde de 171,5 milhões de toneladas, impulsionada por altas produtividades em estados como Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais e Bahia.

Cenário americano e política monetária

Nos Estados Unidos, preocupações com a persistência da inflação e possíveis impactos da nova istração de Donald Trump levaram o índice do dólar a novas máximas. O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) manteve a estimativa de safra em 118,8 milhões de toneladas, o que deve permitir um crescimento nas exportações e no esmagamento. Apesar disso, os estoques americanos também devem aumentar em relação à temporada anterior, sendo estimados em 10,3 milhões de toneladas.

O Federal Reserve optou por manter as taxas de juros inalteradas após três cortes consecutivos, e a sinalização de que um aumento das taxas é improvável em 2025. O real brasileiro, por sua vez, encerrou 2024 em um patamar desvalorizado, impactado pelo fortalecimento do dólar e pelo quadro fiscal do Brasil. O Comitê de Política Monetária (COPOM) elevou a taxa Selic e indicou que novos aumentos podem ocorrer, o que pode atrair mais capital para o país. No entanto, incertezas fiscais seguem limitando uma valorização mais expressiva da moeda brasileira.

Mercados globais atentos a uma nova guerra comercial

O ressurgimento de disputas comerciais também adiciona incerteza ao cenário global. A imposição de tarifas pelos EUA sobre produtos de diversos países, incluindo China, México e Canadá, tem gerado reações e retaliações. Entre os produtos que entraram na mira das tarifas de Donald Trump estão commodities agrícolas como café e etanol.

O risco de uma escalada na guerra comercial pode afetar a demanda chinesa por soja, como ocorreu em 2018, quando a China reduziu as compras dos EUA devido à imposição de tarifas por ambos os países.

Soja: produção recorde no Brasil e incertezas globais

A Hedgepoint elevou sua estimativa para a produção brasileira de soja em 2025 para 171,5 milhões de toneladas, impulsionada por altos rendimentos em estados como Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais e Bahia. Isso deve levar a um volume recorde de exportações, apesar das incertezas sobre o consumo doméstico de óleo de soja após a manutenção da mistura de biodiesel B14.

Nos Estados Unidos, a safra foi mantida em 118,8 milhões de toneladas pelo USDA, enquanto o esmagamento e as exportações devem crescer em 2024/25. No entanto, estoques também tendem a aumentar, adicionando pressão sobre os preços.

Na Argentina, o USDA reduziu a estimativa de produção, e novos cortes podem ocorrer caso as condições climáticas não melhorem. Com a produção menor, o país pode reduzir exportações e esmagamento, beneficiando subprodutos do Brasil e dos EUA.

A expectativa para o para o complexo soja

Após neutralidade recente, os especuladores voltaram a assumir posições "vendidas" nos contratos futuros de soja, farelo e óleo de soja na Chicago Board of Trade (CBOT), refletindo expectativas de maior oferta. Apesar disso, alguns fatores podem oferecer e aos preços no médio prazo, como os riscos climáticos na Argentina e a possibilidade de que o USDA esteja superestimando a produção do país.

No curto prazo, boas perspectivas para a oferta global e uma redução do apetite de compra da China são fatores baixistas, enquanto questões políticas e climáticas adicionam volatilidade ao mercado. Além disso, devido ao cenário atual de preços de soja e milho na Bolsa de Chicago, é provável que o USDA indique uma área de soja menor nos EUA em 2025/26, o que pode trazer volatilidade extra para o mercado.

Condições climáticas e seus impactos no mercado

A influência climática também segue no radar para o mercado global de soja. O fenômeno La Niña está ativo e deve persistir entre fevereiro e abril de 2025, com uma transição para condições neutras entre março e maio. Esse movimento pode afetar produção e logística de importantes regiões produtoras.

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