USDA prevê safra de café do Brasil em 65 milhões de sacas

Estimativa 2025/26 aponta queda no arábica e alta de 15% no robusta com avanço da irrigação

20.05.2025 | 11:15 (UTC -3)
Revista Cultivar, a partir de informações do USDA

A produção total de café no Brasil para o ano-safra 2025/26 (julho a junho) foi estimada em 65 milhões de sacas de 60 kg (equivalente a grãos verdes), segundo relatório divulgado nesta segunda-feira (19) pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). O volume representa um leve aumento de 0,5% em relação à safra anterior.

A produção de café arábica está estimada em 40,9 milhões de sacas, o que representa uma queda de 6,4% frente à safra 2024/25. O resultado é reflexo de condições climáticas adversas enfrentadas ao longo de 2024 e no início deste ano, incluindo seca severa, altas temperaturas e irregularidade das chuvas em importantes regiões produtoras, como Minas Gerais e São Paulo.

Por outro lado, o café robusta (ou conilon) deve alcançar 24,1 milhões de sacas, crescimento de 15% impulsionado por clima favorável, uso eficiente de irrigação e bom desenvolvimento das lavouras, principalmente nos estados do Espírito Santo e Bahia.

Apesar do leve aumento na produção total, as exportações brasileiras de café devem recuar. A previsão do USDA é de embarques de 41,7 milhões de sacas em 2025/26, uma queda de 5,6% em relação à estimativa para o ciclo anterior. O declínio é atribuído principalmente às expectativas de menor produção durante a próxima safra de café, juntamente com uma recuperação nas exportações de grandes produtores, como Vietnã e Indonésia, no mercado internacional.

Produtividade e cenário nas lavouras

O relatório destaca que, mesmo com a recuperação parcial das lavouras após anos de impactos climáticos severos, as lavouras de arábica ainda enfrentam os efeitos do fenômeno bienal negativo (ano de menor produtividade natural) e da seca prolongada, que pode comprometer a florada e o potencial produtivo para esta safra.

Já o robusta segue com desempenho positivo. O Espírito Santo, maior produtor da variedade no país, representa cerca de 70% da produção nacional e se beneficia do uso crescente de irrigação e mecanização. A Bahia, segundo maior produtor de robusta, também ampliou sua área cultivada e deve registrar aumento de 11% na produção.

Entre os desafios enfrentados pelos produtores, o USDA aponta a grande variação de produtividade dentro das próprias fazendas, além da adoção crescente de estratégias de adaptação ao clima, como plantio consorciado, sombreamento e uso de compostos à base de cálcio e silício para proteger as plantas contra o calor extremo.

O USDA também destaca que o fim do fenômeno La Niña e a tendência de neutralidade climática até o fim de 2025 podem trazer maior previsibilidade para o clima no país, o que favorece o manejo das lavouras e a produtividade futura.

Compartilhar

Newsletter Cultivar

Receba por e-mail as últimas notícias sobre agricultura

ar grupo whatsapp
Agritechnica 2025