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Folhas coloridas podem servir como escudo contra insetos herbívoros. Meta-análise sugere que folhas não verdes — como vermelhas, roxas ou amarelas — acumulam mais compostos defensivos e atraem menos herbívoros. A pesquisa analisou 27 estudos com 47 espécies de plantas em 18 países. A conclusão: a cor da folha influencia diretamente a resistência da planta.
Folhas não verdes contêm mais antocianinas, taninos e outros compostos tóxicos ou indigestos. Essas substâncias reduzem a qualidade nutricional da folha.
Como resultado, insetos que se alimentam dessas folhas têm crescimento mais lento, menor fecundidade e maior mortalidade. O efeito é mais forte em regiões tropicais, onde a diversidade de herbívoros pressiona a evolução de defesas mais eficazes.
O estudo mostra que, em média, folhas não verdes sofrem 2,6 vezes menos herbivoria do que folhas verdes. Além disso, a performance dos insetos cai quase pela metade. As plantas tropicais com folhas jovens avermelhadas — um fenômeno chamado de “verdejamento retardado” — mostram as maiores vantagens. Essas folhas são menos nutritivas, mas mais defendidas, o que afasta lagartas, besouros e pulgões.
Os pesquisadores testaram cinco hipóteses clássicas sobre o papel da cor nas folhas.
Três parecem ser justificáveis:
Nelas, folhas vermelhas sinalizam alto custo para o herbívoro.
Em contrapartida, a hipótese da camuflagem — que diz que folhas vermelhas escapariam da detecção por insetos que não veem o espectro vermelho — teve pouco respaldo.
Também faltam dados para avaliar diretamente o papel dos predadores naturais.
A análise incluiu apenas estudos que compararam folhas verdes e não verdes dentro da mesma espécie. Isso eliminou o efeito de diferenças evolutivas entre plantas. Os autores também consideraram a filogenia das espécies e a latitude. Eles concluíram que a cor afeta principalmente plantas tropicais jovens, enquanto em regiões temperadas os pigmentos se associam ao estresse, como frio ou deficiência de nutrientes.
As implicações podem ser práticas...
Em sistemas agrícolas tropicais, o uso de cultivares com folhas avermelhadas pode reduzir o uso de inseticidas. A seleção de plantas com cores que afetam a herbivoria poderia integrar programas de melhoramento genético. Para isso, é necessário identificar os pigmentos-chave e os mecanismos bioquímicos envolvidos.
A pesquisa também sugere que o custo de produzir pigmentos é compensado pela redução nos danos. As folhas jovens são mais frágeis e vulneráveis. O acúmulo de antocianinas e outros compostos no início do desenvolvimento protege a planta até que as defesas mecânicas, como cutícula espessa e fibras, completem-se.
Curiosamente, mesmo sem efeitos significativos sobre a qualidade nutricional em algumas espécies tropicais, as folhas coloridas ainda reduzem o ataque de insetos.
Isso indica que a sinalização visual pode bastar para deter muitos herbívoros. Os insetos parecem capazes de interpretar essas pistas cromáticas, evitando folhas com pigmentação intensa.
A meta-análise também identificou lacunas. Faltam estudos que integrem simultaneamente as variáveis de defesa química, valor nutricional, intensidade da herbivoria e sucesso do inseto. Poucos trabalhos testaram diretamente o papel dos predadores. E a maioria dos dados vem de herbívoros mastigadores — como lagartas — enquanto sugadores, como pulgões, permanecem pouco estudados.
Apesar disso, o padrão parece robusto. Em plantas tropicais ou temperadas, folhas não verdes sofrem menos danos, principalmente nos estágios jovens. A cor da folha, longe de ser apenas estética, representa uma ferramenta adaptativa de defesa. Ao exibir pigmentos visíveis, as plantas comunicam sua resistência e limitam os prejuízos causados por seus principais inimigos: os insetos.
Mais informações em doi.org/10.1111/nph.70243
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