Estudo indica que silício no solo reduz infestação de pulgão-do-sorgo

Estudo sugere que aplicação de silício no cultivo de sorgo BRS716 fortalece resistência a Melanaphis sorghi

27.05.2025 | 16:31 (UTC -3)
Revista Cultivar

O uso de silício na agricultura ganhou novo respaldo científico. Pesquisa conduzida por cientistas da Embrapa Milho e Sorgo, em parceria com universidades federais de Minas Gerais, revelou que o elemento químico pode reduzir significativamente os danos causados pelo pulgão-do-sorgo (Melanaphis sorghi) e, ao mesmo tempo, aumentar a produção de biomassa da planta.

O experimento foi realizado com o híbrido de sorgo BRS716. As plantas foram cultivadas em estufa, em Sete Lagoas, sob diferentes doses de ácido silícico: 0, 2, 4 e 6 toneladas por hectare.

Ao fim de 56 dias, os resultados foram claros. A dose mais alta de silício reduziu em 28% a infestação dos pulgões e em 30% os danos visuais às plantas, em comparação com o grupo sem aplicação. Mesmo sob ataque da praga, as plantas tratadas com silício apresentaram maior acúmulo de biomassa e teor elevado de celulose — um componente essencial para cogeração de energia.

Além de minimizar os impactos do inseto, o silício alterou o perfil nutricional da planta. Houve aumento na absorção de fósforo e cálcio, nutrientes cruciais para o metabolismo vegetal. Por outro lado, os teores de nitrogênio e potássio caíram. O teor de silício nas folhas subiu de forma exponencial com as doses aplicadas, sinalizando alta capacidade de absorção pelo sorgo.

Os efeitos do silício sobre os tecidos vegetais foram outro destaque. Em plantas infestadas, o teor de celulose subiu para mais de 40% com aplicação de 6 t/ha, sugerindo um reforço estrutural das paredes celulares. A lignina, por sua vez, caiu — um efeito considerado benéfico na produção de bioenergia, pois facilita a digestão da biomassa para geração de etanol.

Na ausência de silício, os impactos do pulgão foram severos. Plantas infestadas apresentaram redução de 17% na altura, 12% no número de folhas e 29% na massa fresca. O valor calórico da biomassa caiu 3%, reflexo da menor concentração de hemicelulose.

Aparentemente, o silício age como reforço físico e químico contra insetos sugadores. Depósitos de sílica nas células dificultam a penetração do estilete do pulgão, enquanto compostos fenólicos e enzimas de defesa também são ativados. Essa resposta múltipla limita a alimentação do inseto e protege os tecidos vegetais.

Outro ponto relevante: a aplicação do nutriente não alterou características como diâmetro do colmo ou níveis de enxofre, cobre, ferro e boro — indicando seletividade nos efeitos. Micronutrientes como manganês e zinco variaram de acordo com a presença da praga.

Embora o uso de 6 t/ha tenha sido o mais eficaz, os autores alertam para a necessidade de análises econômicas. O custo do insumo, a logística de aplicação e as condições locais devem ser considerados antes da adoção em larga escala.

Mais informações em doi.org/10.3390/insects16060566

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