PR Safra 2024/25: geadas e pragas afetam colheitas no estado
Milho e feijão enfrentam perdas, enquanto café, arroz e mandioca têm produtividade positiva
A produção mundial de milho (Zea mays) enfrentará desafios crescentes com a expansão das áreas habitáveis para as principais pragas agrícolas da cultura. Pesquisadores preveem que 23 das 24 espécies analisadas tendem a ampliar seu território nos próximos 75 anos, sobretudo devido às mudanças climáticas.
Cientistas de universidades chinesas utilizaram um conjunto de 24 modelos baseados em algoritmos para simular as alterações de alcance dessas pragas até o ano 2100.
O trabalho combinou informações climáticas, de disponibilidade de lavouras e topografia, considerando dois cenários: um mais otimista (SSP126) e outro mais pessimista (SSP585), ambos elaborados com base em projeções climáticas reconhecidas internacionalmente.
A pesquisa projetou crescimento na adequação de habitat em mais de 70% das áreas terrestres globais sob os cenários estudados. As regiões com maior sobreposição de faixas habitáveis para as pragas coincidem com os maiores produtores de milho do mundo: leste dos Estados Unidos, México, sudeste da África, Europa, leste da China e nordeste da Austrália.
Espécies como Spodoptera frugiperda (lagarta-do-cartucho) e Helicoverpa armigera despontam, com áreas potenciais superiores a 12 milhões de quilômetros quadrados em alguns cenários. Estas pragas já figuram entre as de maior impacto econômico para o milho e outras culturas.
A modelagem previu ainda que, além de aumentos em área, muitas pragas deverão alterar significativamente a localização geográfica de sua distribuição. Isso pode exigir adaptações nos programas regionais de manejo integrado de pragas e realocação de recursos fitossanitários.
O fator predominante nas mudanças de distribuição foi o clima, influenciando diretamente 83% das espécies estudadas. A disponibilidade de lavouras de milho e outras gramíneas foi determinante apenas para três pragas, todas com alimentação especializada, como Dalbulus maidis (cigarrinha-do-milho), um inseto que se alimenta exclusivamente da planta hospedeira.
A topografia teve influência menor, mas não desprezível. Regiões planas, mais propícias ao cultivo de milho, tendem a facilitar também a dispersão de insetos fitófagos.
O estudo ainda destacou que algumas pragas demonstraram maior propensão à expansão. A cigarrinha Cicadulina mbila aparece entre as que mais devem crescer em proporção relativa. Já Eldana saccarina, conhecida por seu impacto na cana-de-açúcar, apresentou as maiores variações na posição geográfica de ocorrência futura.
A metodologia adotada incorporou técnicas para reduzir vieses de amostragem e garantiu altos níveis de precisão nos modelos, com valores de AUC (curva ROC) superiores a 0,92. Os pesquisadores sugerem que a robustez do estudo pode servir de base para políticas públicas e ações antecipadas de mitigação.
Os autores recomendam o desenvolvimento de estratégias regionais específicas para as áreas com maior sobreposição de faixas adequadas às pragas. Em termos práticos, isso significa investimentos em pesquisa genética, biotecnologia, monitoramento e práticas agrícolas adaptativas.
O avanço das pragas em direção a zonas hoje livres de infestações não será uniforme. Cada espécie responde de forma distinta às variações de temperatura, precipitação e presença de culturas hospedeiras. A diversidade desses fatores reforça a necessidade de vigilância constante e respostas localizadas.
Mais informações em doi.org/10.3390/insects16060568
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