Peptídeos PHC são destaque em Encontro Técnico de Soja
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Ao longo das margens de lavouras e valas, elas parecem inofensivas. Um toque de cor no campo. Mas o que se vê vai além da estética. As faixas floridas, cada vez mais comuns na Europa, vêm se revelando aliadas no combate às pragas agrícolas. Pesquisa da Universidade de Copenhague confirmou o que produtores e cientistas desconfiavam: diversidade vegetal atrai inimigos naturais dos insetos nocivos à agricultura.
A meta-análise, coordenada pela pesquisadora Nika Jachowicz, analisou 24 estudos e 382 experimentos em lavouras anuais. A conclusão é direta: faixas com duas ou mais espécies florais aumentam, em média, 70% a presença de predadores naturais, como joaninhas, sirfídeos, percevejos, crisopídeos e besouros soldados. Sozinha, uma espécie floral não gera efeito significativo. Mas a cada nova flor incluída na mistura, o número de inimigos naturais cresce 4,1%.
“A diversidade compensa”, afirma Lene Sigsgaard, coautora do estudo. “Mais espécies significam mais alimento e abrigo ao longo do ciclo das culturas.”
A explicação é funcional. Flores diferentes florescem em momentos distintos, estendendo a oferta de néctar e pólen — fontes de energia para insetos predadores.
Além disso, cada espécie floral beneficia um grupo específico de inimigos naturais. É o caso das flores abertas - como margarida, milefólio e umbelíferas - cujas estruturas facilitam o o ao alimento por joaninhas, vespas parasitas e abelhas solitárias.
A importância da seleção correta vai além do número de espécies. As flores devem ter características que prolonguem a longevidade dos predadores.
O estudo pontua um “índice de qualidade” das espécies com base no impacto sobre a sobrevivência dos inimigos naturais. Espécies como milefólio (Asteraceae) e plantas da família Apiaceae, como a erva-doce, receberam notas elevadas.
As faixas floridas também funcionam como abrigo de inverno. Quando compostas por espécies perenes e nativas, podem durar vários anos, abrigando populações de inimigos naturais e favorecendo o equilíbrio biológico no entorno agrícola.
Mas o efeito dessas faixas ainda se concentra na borda das lavouras. A pesquisa mostrou que o aumento na presença de predadores ocorre majoritariamente nos primeiros metros a partir da faixa florida. Estudos que mediram a presença desses insetos a mais de 10 metros da borda foram escassos. Isso revela um desafio: levar o efeito benéfico das flores até o interior das grandes lavouras.
Na prática, a adoção das faixas enfrenta barreiras burocráticas. “Muitos agricultores relatam dificuldades para ar subsídios europeus. As exigências de semeadura e manejo são complexas e, por vezes, pouco compatíveis com o objetivo de atrair inimigos naturais”, comenta Jachowicz.
As faixas floridas não substituem todas as medidas de controle de pragas agrícolas, mas representam uma peça importante de um sistema integrado, que inclui rotação de culturas e controle biológico.
Os autores reconhecem limitações no estudo. O efeito das faixas sobre as populações de pragas ainda não é conclusivo. Das 10 pesquisas que mediram essa relação, nenhuma encontrou redução estatisticamente significativa. Também não foi possível correlacionar o uso das faixas ao aumento de produtividade.
Mais informações em doi.org/10.1016/j.agee.2024.109412
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